sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Uma viagem

Desceu do ônibus tranquila, colocou a sacola -contendo o par de chinelos velhos- em cima da lixeira suspensa distante do chão e presa ao poste. Virou a direita e desceu as escadas do metrolândia.
Ao som de uma música ambiente na fila calma estava e logo pagou pelos andarilhos que a levaram ao encontro dele.
Esperando as pessoas saírem antes dela entrar, serenamente em pé ficou. Na estação posterior entraram os músicos de bossa. Ela que estava na paz ficou se sentindo mais leve, pois aquela trilha sonora do acaso caiu perfeitamente ao momento e estado mental. E no vulgo popular dizem "encaixe perfeito" - uma tarde rumo a mais um conto desses.
Distraída, e casualmente ela vem intercalado seu meio de chegada, seu trajeto e para o especial, naquele dia estação São Cristóvão levou-a de frente para uma tela publicitária cuja informou-a de batidas em som agudo e grave.
Ali, um susto, um choque, um sacode, um come poeira e também levanta poeira.
Seguiu estações a frente, acometida ao desconforto daquela propaganda  e pelo cortante chiado que interrompera em seu momento íntimo de ela com a música não mais ao vivo  e sim da rádio, pegou na mochila o livro. Leituras se tornam desinteressantes depois de sua atenção ter sido roubada.
Aquilo foi um assalto nostálgico, o bandido "acaso" veio com sua arma "lembrança" e roubou dela o momento que comportava atenção e foco. Deixou ela com apenas uma unidade hipnoide.

A existência tem dado sinais, e ela tem recebido e sentindo esses estímulos extra-sensoriais, vem do além (e leva-a para lá), dos céus, de esferas desconhecidas, de um universo não dela talvez dos Deuses, de vidas passadas dos três mil mundos!

Eis que se pergunta se tem certeza de sua presença nesta vida, se reduz-se em carne e osso ou se transcende ao sobrenatural, se por aqui e por lá fica transitando correspondendo as trocas de energia, se conectando e desconectando, e se isso seria possível transcorrer como um fluxo contínuo e em tom de normalidade e do real. Pois como um disco voador que pousa em  terra, resgata e teletransporta, ou como sol irradiando raios ultravioletas, expandindo-se e projetando-se na matéria.

Agora ela fechou o zodíaco e no calendário os dias são traduzidos em dissociações, em conjuntos complexos que resolveram se tornar simples. Um giro dos ponteiros em movimento anti - horários. Os pulsos livres de relógio e de espera, conclui.

Um dia de viagem, uma viagem.
E depois de ter escrito, embriagada estou.

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