segunda-feira, 2 de julho de 2012

O que quer que for

Noite passada, tive medo de te perder e me entreguei ao que chamo de amor. Sorri levemente ao seu abraço que me destes, junto dele um afago, de não poder mais seguir comigo em vida, em carne e osso. 
Foi quando, tão logo tornou-se amante ...


Desde então, conheceu a fera, o belo, abriu mão e revindicou a dignidade mas naquele dia tudo veio a tona: a distância foi incapaz de destruir os corações, nem anos, nem meses foram suficientes ao que supôs, o esquecer desistiu de existir- lembranças em memórias do afeto. 
Mesmo não falando- quando se abraçam, rostos colados de perfil, corpo encostado- na pele arde a dor de se verem e nada como luzes ofuscando, nada como um som ambiente pra distrair e fugir. Refutar-se, Refugiar-se.


Refúgio em noite, refúgio em personas, refúgio no passar das horas conhecendo o alheio, compondo e batucando batidas de tensão, passando a mão de leve nas cordas da viola e cantando ao vento o que se quer das horas, desejando poucos e bons enredos do samba, de pernas bambas quando se vê o quer e quando não se tem o que vê.


Outro dia estava, sambando,cantando, sorrindo e vendo: mesas produzidas, pessoas arrumadas, penteados traçando a meiguice e a doçura de uma mulher, batom torneando a sedução dos lábios femininos, docinhos expostos inferindo a gula de saborear uma noite daquelas, o song embalando todos na pista de dança, sendo polens, de lá nostalgia - da infância à adolescência.


O que quer que for ...
Seja lá o que for ...
Deparo-me com a dificuldade, não sei descrever do que se trata, é um luto mas pelo quê, desliza no entendimento. Em plano racional, tenho tido uma distorção, meu músculo na região torácica tem doído! Tenho acordado no meio da noite aos prantos por ter tido aquele pesadelo e sentindo falta de ar constante por ter me afogado em lágrimas. A tontura da realidade me traz náuseas e a degradação me dá enjoo. Não sei o que fazer pra me conter em plena forma com os dias, eles me pegam e me pucham pelos cabelos, torcem minhas orelhas e gritam no meu ouvido: acorda já são cinco da manhã!




Andréa de Marco

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