segunda-feira, 9 de julho de 2012

Intérprete

Não escrevo quando sinto dor, só depois que ela passou. Busco em mim, a entonação do que um dia já foi pensado, afino as cordas vocais, transponho em figuras de linguagem.

Gosto de retratos linguísticos uns verídicos outros ficção. Eis que me pergunto quem lê meus casos mal contados, minhas histórias bem vividas. Isto é apenas uma mania apaixonada de enganar as pessoas.
Engano, me passo por pessoas e na verdade sou outra. Iludo através da conotação, não faço jus ao que é lido. Confundo, pois fujo de me colocar nos papéis.

Levo-me ao desconhecido de um jeito, estilo surrealismo, vislumbro expressões. E isso se parece com alucinações, pois vejo imagens enquanto despejo frases. Vou soltando fotografias em paráfrases.

As vezes o motivo é uma melodia por detrás e por aqui na caixa de som. Nem sempre vozes!

Em silêncio consulto o dicionário, a mente, a alma.
Deixo-me levar ao que será vago, desencadeando uma palavra após outra, em corrente levanto a obra, construo um lar de linhas textuais e páginas.

 Lá, na leitura, eu me acomodo e me conforto como uma criança que esta sendo ninada e aqui na escrita  reinvento, decoro e enceno.

Podem abrir as cortinas do palco, porque o agora é um teatro.

Incitar sentimentos, induzir a uma crença, passando veracidade de coisas nem tão veraz, mas voraz, que toca e permeia, contamina e polui. Fazendo-lhe acreditar.

Digo mais uma vez com a capa de um batman, ou do homem-aranha ou da branca de neve.
Qualquer personagem, você escolhe. A minha identidade não é comanda, nem permuta, pra ser pontuada. 


Disponho a carapuça, exponho -me a ser confundida e mal interpretada.
Pouco me interessa, pouco me importo, desejo promover encontro! 
Encontro dos semelhantes.




Andréa de Marco   

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