domingo, 8 de julho de 2012

Dor

A boca começou a estremecer e pálpebra inquieta soltou uma lágrima de um choro preso. Na região da garganta sentiu um laço com um nó bem apertado. Olhou no vácuo, vazia de questões.
Chorou, horas por um ato digno de ser feito por emoção, horas pela dor.

Abafou seu choro, como quem abafa a fumaça de um feijão cozido, sendo uma panela de pressão, precisava ir soltando seus fluidos aos poucos, se não explodia. Os pequenos ruídos de quando se banha a tampa e pucha a válvula seriam um estrondo barulho.Seria então, um caos se encaixando nas características: caótica, barulhenta, histérica e desagradável. Contrariando seu dom, dissolver, diluir, cozinhar.


Dom de dissolver o inflexível, diluindo as diferenças de heterogêneo para homogêneo unindo prezando harmonia entre o ser e o ambiente, uno. Sendo ela todos e todos ela.Cozinhando o que ainda esta cru, preparando-se na imaturidade para servir os dias, as horas, o tempo.


Debulhou-se em soluços que fizeram escorrer tantas chuvas de seus olhos, tempestades nas nuvens nebulosas, sondagens cinzas feitas no seu pensamento, no seu coração e veio a dor.

A dor da miséria, a dor da necessidade, a dor do que não teve, a dor do querer, a dor de não ir adiante, a dor de até não querer, a dor de quem quer fugir, a dor da raiva, da culpa, a dor de assumir a culpa que não era dela mas inocentar era o que ela precisava, a dor de descobrir.

Dores de luto, dores de saudade, dores da falta, dores do saudosismo, dores da felicidade.

Dor da injustiça, da pobreza, da crueldade, da mentira e da falsidade, do interesse carnal e via de "acesso à' de usufruto para outrem apenas.Dor muita dor de muita miséria, mesquinharia, egoísmo e violência. 

Abusos da humanidade, ela vem notado.Ela tem observado e vivido como quem nada sente, porque na verdade ela escolheu não ver mais nada disso. 
E se entregou aos amores.




Andréa de Marco








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